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Emoção x Exagero – Por Eduardo Marques Barcelos

10 de março de 2009

Emoção x Exagero – Por Eduardo Marques Barcelos

Muitas vezes, assistindo às tão famosas mesas redondas dos finais de domingo, me deparo com um “crítico” de futebol despejando um monte de asneiras sobre algumas coisas que acontecem nos gramados pelo mundo. Um tempo atrás, a moda era criticar jogadores que levantavam ou tiravam a camisa após marcarem um gol, alegando que os patrocínios não apareceriam no momento mais relevante, dizendo que faltava maturidade a estes jogadores.
Recentemente um fato reacendeu o assunto, o gol do Fenômeno. Após um ano parado e sob olhares desconfiados, o craque voltou a jogar, e logo na segunda partida balançou as redes, e mais do que isso, no último minuto, empatando a partida de um clássico de grande rivalidade. A explosão foi inevitável, corrida pro alambrado e… cartão amarelo.
Diante das circunstâncias, muitos críticos ferozes das comemorações exageradas condenaram o árbitro Abade pelo cartão amarelo, dizendo que se tratava de um momento especial, um desabafo de um ídolo, entre outras coisas.
Imagino que, aqueles que agüentaram chegar até aqui nessa coluna, devem estar se perguntando, o que tem haver um texto sobre comemorações dos gols no futebol, em um site de futebol de mesa? Eu explico.
Dando continuidade ao meu raciocínio, a situação descrita acima, a emoção do Fenômeno transcendeu as quatro linhas do gramado. A crônica esportiva torcia por ele, sofreu com ele e no domingo passado, se emocionou com ele. Talvez, pelo fato de terem sentido um pouco mais forte a emoção de um momento mágico do futebol, estes críticos tenham se transformado em apreciadores de uma comemoração exagerada.
Falo disso, por que me lembro, como se fosse hoje, meu primeiro título de Libertadores conquistado nos campos da BFA. Era um sábado à noite, dia 23/10/1999, dia de festa na casa dos meus pais, convidados conversando, gente pra lá e pra cá, pizzas saindo em profusão do forno a lenha, enquanto e eu meu irmão (e maior rival) disputávamos a grande final daquele torneio. Ele, com o tradicionalíssimo Peñarol, que dispensa maiores apresentações. Eu, com a grande zebra The Strongest, da Bolívia, time de pouquíssima expressão no futebol real e na BFA. Depois de muitas reclamações sobre nossa ausência na festa e dois jogos emocionantes (Peñarol 3 x 4 The Strongest no primeiro jogo e The Strongest 4 x 5 Peñarol no segundo jogo), a decisão foi para as penalidades máximas. Como não poderia deixar de ser, aquela tensão, pênaltis perdidos e convertidos de ambos os lados, até que, na última cobrança, o Peñarol desperdiça sua chance. Eu era finalmente campeão da América. Naquele momento, minha única reação foi me jogar no chão e começar a gritar: “É CAMPEÃO….. É CAMPEÃO”, tamanha a emoção que eu senti. Não medi o que estava em disputa, o local, as pessoas, ou o suposto ridículo que eu estava passando, só quis colocar pra fora tudo que estava travado, depois de tantas tentativas e nenhuma conquista. Hoje, recordando desse dia histórico pra mim, vejo que minha reação não teve nenhum pouco de exagero, e só quem faz algo com amor e atinge um objetivo, é capaz de entender reações tão “intempestivas” quanto a que tomei naquele dia.
O futebol de mesa é mais do que uma brincadeira, é mais do que um jogo, é uma paixão e isso explica o por quê de tanta emoção.
Eduardo Marques Barcelos é fundador da BFA e já conquistou 5 vezes a Libertadores. É o maior campeão da América!!!